Mário Macilau é o vencedor do prémio francês Roger Pic Award 2023

O fotógrafo moçambicano, Mário Macilau, conquistou o prémio internacional francês Roger Pic na sua trigésima primeira edição. O prémio Roger Pic é uma iniciativa da associação Scam Vélasquez (Sociedade Civil de Autores Multimédia), criado para incentivar os fotógrafos cujo talento ainda não recebeu o devido reconhecimento. O prémio é dado todos os anos, em memória de Roger Pic, director de fotografia francês e dedicado defensor dos direitos autorais. 

Imagem: DW

A obra de Mário Macilau que foi premiada é intitulada “Fé”, trabalho feito acerca dos maziones, em 2010, em que documenta a prática contemporânea do animismo em Moçambique. Para o autor, conforme o Site Bantumen “Fé regista a prática do animismo na cultura moçambicana da actualidade. Este animismo é herdeiro de formas tradicionais de religião nas quais se acreditava existirem espíritos que habitam os objectos e os fenómenos da natureza: assim se explicava a influência dos espíritos dos antepassados na existência dos vivos. Através das suas práticas, estas religiões tradicionais preservaram as antigas tradições culturais de Moçambique. Tais práticas incluem ensinamentos, medicina tradicional, métodos de cura, ritos de passagem para os jovens (mulheres e homens) e aconselhamento sobre as condutas a observar entre os membros de uma comunidade. Reflectem conceitos locais – mas por vezes contraditórios – de Deus e do cosmos.” 

Imagem: Mário Macilau - Ed Cross Fine Art

O prémio que o artista obteve corresponde ao primeiro lugar e foram cinco mil euros, o que equivale a cerca de 350 mil meticais. Mário Macilau também vai beneficiar de uma participação na residência curta que terá lugar na França em Julho e, posteriormente, de uma exposição das suas fotografias, em Setembro. Após a exposição, o premiado ficará com as gravuras feitas para a exposição.

O júri foi composto por Guy Seligmann (presidente da Associação Scam Vélasquez), Sandra Reinflet (fotógrafa vencedora de 2020), Nicolas Jimenez (director fotográfico do Le Monde), Stéphanie Retière (directora do La Gacilly Photo Festival), Jacques Graf (fotógrafo, membro do Stills from the Scam).

Imagem: Mário Macilau - Ed Cross Fine Art

O fotógrafo recebeu felicitações de diversas personalidades pela distinção, entre eles o escritor, Mia Couto: "Viemos do mar. Os deuses que inventamos também moram nos oceanos. Assim, pensam os maziones de Moçambique. Como centenas de outras seitas, os maziones criaram uma religião sincrética, mestiçando componentes cristãs com as crenças africanas da região”. Outra personalidade que felicitou Macilau foi a directora Cultural da Associação Scam, Caroline Chatriot: “Moçambique e o continente Africano, têm artistas com um talento incomparável e que precisam de destaque e reconhecimento. Mário Macilau tem um olhar único e o seu trabalho muitas vezes promove uma realidade local, memória colectiva e simultaneamente nos faz pensar para mudarmos de atitude e tomar a direção social certa e dá a ver cenários desconhecidos do grande público. É um trabalho poético que também faz denúncia social e traduz realidades desconhecidas sobre diversos assuntos.”

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