Plágio no Design Gráfico: Como Evitar?

Este tema é um dos mais contemporâneos na área do Design Gráfico, pois com o advento da Internet, o plágio passou a ser cada vez mais discutido e levado em consideração, pois qualquer pessoa pode ter acesso, adaptar e/ou alterar algum conteúdo que esteja no ambiente virtual. Como consequência deste avanço, o surgimento de “profissionais” sem conhecimento em design, e que se utilizam das criações de outros para produzir seus “projetos”, aumentou consideravelmente.

Plágio como área do conhecimento 

São muitas as definições existentes para esta palavra nos dicionários. Entretanto segundo Dicio: 

Plágio vem do verbo plagiar. O mesmo que: copio, imito, reproduzo. Expor ou mostrar alguma coisa (trabalho, livro, teoria etc.) como se esta fosse de sua própria autoria, embora tenha sido criada e/ou desenvolvida por outrem: o aluno plagiava os trabalhos com frequência. Realizar a cópia do trabalho que pertence e/ou foi criado por outrem: plagiava o compositor. (DICIO, 2009 – 2021)  

A definição do significado da palavra plágio mostra as várias facetas do que pode ser considerado um plágio. Entretanto, essa definição carece de esclarecimentos específicos de cada área pois no concernente ao contexto político, económico, sócio-cultural a definição tende a se adaptar a área de atuação com o objectivo de melhor servir. A definição do que viria a ser plágio na área do Design é meio escassa. Todavia a área académica dispõe de uma definição do que poderia ser um plágio académico, passo a citar (UFRGS, Produção 2021).

É considerado plágio: Texto original, reproduzido exatamente como aparece no livro e não referenciado; Texto original, reproduzido exatamente como aparece no livro e referenciado; descrever com suas palavras o trecho do livro, porém não citar a referência; transcrever vários parágrafos referenciados do trabalho de um determinado autor sem referenciar este autor. (UFRGS, Produção 2021).

Podemos notar então que no campo académico o acto plagiar é considerado quando ocorre uma cópia de um texto sem a devida referenciação que venha configurá-lo como uma citação. Alinhando essas definições do plágio ao design gráfico MISSENA, (2016) afirma que: “Podemos afirmar que plagiar quer dizer uma reprodução similar a um projeto já existente. No plágio, as formas, cores, texturas, e mais um pouco, são copiados e aplicados no novo projeto, havendo apenas poucas mudanças na criação” (MISSENA, 2016). Podemos observar então que a área do design gráfico carece de uma definição exacta do que seria configurado como plágio e que se adeque a área, entretanto com as definições universais ou de áreas específicas apresentadas neste estudo podemos concluir que o plágio não ocorre somente no design gráfico, ocorrendo noutras diversas áreas e por serem tradicionais, essas dispõem de definições e dispositivos legais amplamente divulgados. No entanto, apesar de não deter de uma definição e de um dispositivo que possa nortear, o plágio tem ocorrido na área do design. Essa sucede quando o designer absorve formas, cores, texturas entre outros elementos e aplica no novo projecto em execução, mudando pouca coisa. Tal situação pode ocorrer de maneira proposital assim como não, ou seja, quando o designer tem pouca formação na área, sendo profissional que apenas tem conhecimentos na operação de alguns softwares gráficos e o segundo ocorre quando a falta de pesquisa de projectos similares. 

Todavia, no âmbito da criação de um projecto gráfico é primordial que o mesmo seja feito com profissionalismo. Citaremos como exemplo o caso do provável plágio do novo logotipo da Seleção Moçambicana de Futebol que foi “criado” pelo designer gráfico Mário Simão Mondlane Júnior.

A seguir a figura do logotipo supostamente plagiado e do logotipo original.

 

Logotipo Kobra Brand

Novo logotipo dos Mambas

Refira-se que o concurso para a nova logomarca da seleção nacional foi aberto 04 de setembro do ano passado, como resultado da reprovação da referenda da mudança do nome de guerra da seleção nacional, durante uma auscultação publica.

De acordo com o vencedor do concurso, que auferiu 100 mil meticais pela criatividade, a nova logomarca destaca os sentimentos de "destemor, bravura, determinação, persistência e orgulho", mesmo tendo em conta que o que se vê, nela, seja "uma bola, as cores da bandeira nacional e uma cobra Mamba", esta ultima que da o nome de guerra a seleção nacional. 

"Não foi fácil a criação do logotipo, levei mais tempo pensando no que fazer e levei mais de um mês a pensar e fazer algo que pudesse agradar ao pais todo", disse Mário Simão Mondlane Júnior, apos ser anunciado coma vencedor.

Entretanto, depois da divulgação da nova logomarca dos Mambas, nas redes sociais da Federação Moçambicana de Futebol, nomeadamente no Facebook e, por se levantar a possibilidade de ter havido plágio na criação da mesma, o organismo que gere o futebol moçambicano optou pela sua retirada, ainda sem nenhuma justificação. 

Sabe-se que a nova logomarca dos Mambas tem muitas similaridades com outra marca já existente e, nas redes sociais, levantou-se o debate em relação a originalidade da criação de Mário Simão Mondlane Júnior.

Um dia depois deste ocorrido o Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Feizal Sidat pronunciou-se em torno deste assunto e passo a citar:

“é bom que haja esses debates, dizer que primeiro lançou se um concurso onde houveram 83-84 candidaturas e aquela foi a que ganhou. Entretanto não esta encerrado. Se acompanharam ontem a dissecção que foi…aquilo pode sofrer alguma alteração. Vamos ver, não tenho dados completos se ouve plágio ou não ouve, é um jovem dos seus 19-20 anos é um jovem muito promissor, temos que encoraja-lo e vamos sentar e trabalhar no logotipo…pensamos que não poderá ser definitivo se for necessário, investigaremos se  ouve plágio ou não houve. Portanto não esta nada fechado e vamos trabalhar no assunto”. (Feizal Sidat 2021)

No trecho que o Feizal Sidat diz “investigaremos se houve plágio ou não” deixa bem claro que essa investigação não houve antes do logótipo ser aprovado pela Federação, revelando dessa forma a falta de profissionalismo da parte da instituição e do designer criador do logótipo pois este caso de plágio poderia ser evitado se a designer houvesse criado um logótipo completamente diferente, podendo se basear na ideia da representação da cobra que existe na imagem, ou qualquer outro elemento interessante.


Como evitar o Plágio no Design Gráfico

Como forma de nos diferenciar de “Designers” que não estão comprometidos com sua profissão e tem se apoderado de criações alheias como se as mesmas fossem da autoria deles concluímos que o Designer precisa procurar formas de incutir ou agregar conceitos e elementos originais em suas criações com o propósito de não comprometer os seus projectos com um suposto "plágio". Todavia se estivermos comprometidos com a nossa profissão e com nossos projectos, tomaremos cuidado no momento da criação para não cometer um plágio enquanto utilizamos referências. Podendo adotar também metodologias de alguns designers que se referenciam não só com projectos da sua área mais também na natureza e em áreas bem diferentes aderindo ao “Pensar fora da caixa”, um exemplo que podemos ver no texto publicado nesta revista com o tema: “Referência no Design Gráfico: Como Praticar de Maneira certa”. Constatamos também que este acto tem acontecido de diversas formas e de maneira consciente ou não. 

Com o embasamento teórico apresentado neste estudo e com análises e conclusões efectuadas aqui, percebemos que o comprometimento com a profissão (Design Gráfico) e com o projecto em criação estão directamente ligados a linha que separa a referência do plágio, e se formos detentores dessas qualidades construiremos ou aperfeiçoamos uma carreira de Design que servirá como referência para as gerações vindouras de Designers. 

 

Referências. Bibliográficas

DICIO, Dicionário. Significado de Plágio, Disponível em: https://www.dicio.eom.br/plagio-3/, Acesso em: 27/07/2021.

MISSENA, Angélica. O Limite de Separação Entre a Referência e o Plágio no Campo do Design Gráfico de Identidade Visual. Universidade Federal de Pernambuco Centro Acadêmico do Agreste Núcleo De Design, vol. 1, n. 1, 2016

UAMUSSE, Elísio. Logomarca dos Mambas apresentada ontem e retirada das redes sociais da FMF. Disponível em: https://www.opais.eo.mz/logomarca-dos-mambas-apresentada-ontem-e-retirada-das-redes-sociais-da-fmf/. Acesso em: 26/07/2021. 

UFRGS, Produção. Plágio Esclarecimentos. Disponível em: https://producao.ufrgs.br, Acesso em: ‎ 6 ‎de ‎agosto ‎de ‎2021.

WALLEN, Paul. Design Plagiarism Myth or Reality? Disponível em: https:/ /www.snd.org/2013/09/design-plagiarism-myth-or-reality /, Acesso em: ‎ 06/08/2021.


António José Langa

António José Langa, dedicou-se a formação em Design e Tecnologias das Artes Visuais pela Universidade Pedagógica de Maputo. Sempre em busca da próxima oportunidade de demonstrar o seu potencial criativo, recusando-se a se acomodar, trabalha para garantir que seus trabalhos sejam sempre inovadores, criativos e funcionais. Não importa o que aconteça, sempre encara cada projecto com total entusiasmo e dedicação.

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