Por que artistas precisam tanto de aplausos? Uma análise (não tão) científica 

Se existe um ser humano que precisa de aprovação mais do que um político em época de eleição, esse ser é o artista. Seja ele um ator, músico, pintor, poeta ou aquele designer da agência que insiste em chamar um post de Instagram em "peça conceitual". Todos eles vivem na eterna busca pelo aplauso, pelo reconhecimento, pelo gostinho viciante da validação alheia. Mas por quê? O que faz com que essas criaturas talentosas precisem tanto do olhar emocionado da plateia (ou pelo menos de um “magnifico!”)? Vamos explorar isso com uma boa dose de ironia e verdades inconvenientes.

O aplauso: droga lícita e altamente viciane

A explicação mais simples é que o artista vive de emoções. Ele não cria apenas para si, mas para o mundo, e se o mundo não reage, é como se a obra não existisse. Quer tortura maior do que postar um vídeo wauuu e ver que ninguém curtiu? O artista sente necessidade de resposta, porque a arte, sem público, é igual a uma piada sem risada: um desastre.

 O cérebro do artista funciona à base de dopamina, a mesma substância que faz alguém abrir o Instagram de cinco em cinco minutos para ver se aquele post engajou. O aplauso ativa esse sistema de recompensa. É um ciclo sem fim: cria, mostra, recebe aprovação, sente-se incrível, cria de novo, e assim sucessivamente. Quando não há retorno, vem a crise existencial, acompanhada de frases como "ninguém entende minha arte" e "acho que preciso de um tempo para me reconectar comigo mesmo".

 

Publicitários: os artistas condenados à aprovação alheia

Agora, imaginem esse desejo insaciável de reconhecimento no universo da publicidade, onde os artistas - conhecidos como "criativos" - têm que lidar com clientes que dizem frases como "está lindo, mas pode aumentar o logo?" ou "tá muito bom, só precisa refazer tudo". Para o artista publicitário, a aprovação é ainda mais cruel, porque ele não busca apenas aplausos, mas precisa da bênção de clientes, diretores e do algoritmo das redes sociais. E claro, precisa de vender.

 A grande tragédia do criativo é que ele quer ser Van Gogh, mas precisa ser eficiente como um redator de call center. Ele quer emocionar, mas o cliente quer apenas um CTA chamativo. Ele sonha com prêmios de Cannes, mas o cliente só quer que o site tenha "um design mais clean". Essa dissonância causa frustrações, egos machucados e, claro, memes corporativos no WhatsApp.

 

Como sobreviver sem ter uma crise existencial diária?

1. Aceite que nem sempre você vai ser compreendido – Seu conceito genial pode ser rejeitado, não porque é mau, mas porque o mundo corporativo não está preparado para tanto brilho. Dói, mas passa.

2. Crie um procjeto pessoal – Se sua arte está a ser esmagada pelos feedbacks sem sentido, canalize seu talento para algo seu. Poste seus próprios conteúdos, faça ilustrações que ninguém pediu, componha sua música autoral. Pelo menos aí, você é o chefe.

3. Filtre os feedbacks – Nem todo comentário negativo é um ataque ao seu talento. Às vezes, é só alguém tentando justificar o salário que ganha. Analise o que faz sentido e ignore o resto.

4. Aprecie o processo, não só o aplauso – Nem toda arte precisa de validação imediata. Às vezes, a grandeza está em criar algo que você mesmo admira, mesmo que o mundo ainda não tenha percebido.

5. Tenha outras fontes de dopamina – Se sua única fonte de felicidade é o reconhecimento dos outros, sua sanidade está em risco. Experimente um hobby sem likes envolvidos. Cozinhar, correr, jogar videogame… qualquer coisa que não dependa do feed do Instagram para existir.

 

No final das contas…

A busca por aprovação é natural e faz parte do DNA de quem cria. Mas, no mundo da publicidade, é preciso aprender a dosar essa necessidade para não transformar a vida em um eterno drama shakespeareano. Porque, sejamos sinceros, se dependermos da aprovação dos clientes para sermos felizes, estaremos todos fadados a um colapso nervoso antes dos 40.Então, aplaudam-se. Seu talento vale muito, mesmo quando o cliente insiste em pedir "um azul mais azul".

Da autoria de: Ferrão Chico

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