É inaugurado a Exposição “(Des)contruções e sombras”
As dimensões das artes na capital de Moçambique têm se expandido exponencialmente a cada dia. E com a expansão dos diversos movimentos artísticos, perante eles, os espectadores são sempre surpreendidos pelas roupagens autênticas trazidas pelos artistas.
Dois jovens moçambicanos, Ildefonso Colaço e Silasse Salomone preenchem a tela com um olho aberto e o outro fechado para o melhor registo da substância que compõe a realidade. Eles fazem um crossover das suas perspectivas de realidade nesta quinta-feira na galeria Kulungwana, pelas 17 horas.
Manifesto da Exposição Por António Sopa
A fotografia moçambicana teve sempre uma forte componente social, já que muitas das suas figuras cimeiras, que foram modelos inspiradores das gerações mais novas, fizeram a sua formação no jornalismo local.
Os jovens fotógrafos Ildefonso Colaço e Silasse Salomone continuam a ter na “rua” a sua fonte privilegiada de inspiração, mas os resultados são radicalmente diferentes, quebrando assim a tradição ancorada no fotojornalismo. Abandonando o “free style”, as suas propostas estéticas são elaboradas sobre conceitos por si criados. E os resultados não deixam de ser surpreendentes!
Ildefonso Colaço ao trazer os muros desta cidade, corroídos pelo tempo, pelo salitre e pelas mãos dos homens, eleva-os quase a uma dignidade monumental. Na verdade, num primeiro momento, julgamos estar na presença de algumas cidades da antiguidade, escavadas na dura rocha das montanhas. Mas estamos apenas na presença da realidade difícil da nossa cidade e das suas gentes. As diferentes camadas, de tonalidades diversas, criam como que uma textura, repleta de detalhes, que se renovam a cada olhar, abrindo um amplo campo de interpretações.
A proposta de Silasse Salomone tem como foco a luz e os efeitos que a mesma produz. E se as suas imagens partem da figura humana, o resultado são composições quase abstractas elaboradas pelos contrastes de luz e sombra. Os dois jovens fotógrafos trazem-nos propostas inovadoras e elaboram também novos caminhos para a fotografia moçambicana.