A arte como referência para metodologias criativas em design

Imagem: Unsplash

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Desde sempre, a arte fez parte da sociedade e acompanhou percurso e a história da humanidade em praticamente todas as épocas históricas. A sua definição vem tomando corpus dependendo da época, mas de uma coisa podemos ter a certeza: ela revela a cosmovisão de uma determinada sociedade, e pode ser compreendida em vários campos, dos quais a arquitectura e o design, a título de exemplo.

A palavra “arte” tem origem do latim “ars” que significa técnica ou habilidades. Para os pensadores da antiguidade a arte estava muito além de actividades ou técnicas como forma de materialização, mas intimamente ligada ao conceito dos elementos que estão em nossa volta.

Para Platão a arte é eterna e verdadeira, ao mesmo tempo digna de perfeição. Só existia no mundo das ideias (mundo abstracto) e o que temos de representação artísticas são apenas uma cópia do mundo abstracto que encontramos no mundo dos sentidos (mundo concreto). Para o Aristóteles não existia uma dicotomia entre a arte e as actividades humanas, para ele a arte não poderia ser desligada das actividades humanas, uma vez que elas estão em nós e é uma fabricação humana.

A verdade é que a discussão sobre o conceito de arte sempre foi um dilema, mas existem unanimidades quando compreendemos que elas fazem parte das actividades humanas quando tentamos dar um sentido de ser em uma obra de arte, não se trata apenas do belo. Bem é assim que o seu corpus se tem mostrado durante o percurso, compreendemos que ela é a linguagem não-verbal (neste contexto) que expressa as emoções que nós temos perante alguma situação ou contexto.

Quando falamos sobre o resgate da cultura greco-romana, o renascimento, onde o pensamento da época era a valorização do homem (antropologia) em todos campos do saber, de certa forma tivemos muitos artistas que tentaram recriar, proclamar o espírito da cultura greco-romana, como é o caso do pintor renascentista Rafael de Sanzio, onde no seu quadro “Escola de antenas”, busca trazer um pensamento que perdurava na Grécia antiga que era um raciocínio mais humanista voltada para o homem.

Imagem: Cultura Genial

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Não só obras como estas tentam mostrar que a arte tem a característica primordial de expressar o pensamento de qualquer sociedade e nelas podemos encontrar o contexto histórico, sociológico e cultural, outras obras como a pintura no tecto da capela sistina “Juízo final” protagonizado pelo pintor Michelangelo Buonarroti, onde compreendemos a relação entre a arquitectura e a arte.

Podemos compreender que a arte é importante, não por ser apenas uma actividade humana, mas pela dimensão da vida. É nela que escolhemos como podemos expressar a nossa cosmovisão (ética, moral, costumes, sociedade) através do que compreendemos o que é o real sentido da vida ou das coisas que estão em nossa volta ou que podemos criar e o que elas podem fornecer para a faculdade humana.

E a arte fornece elementos primordiais para conceitualização de um projecto em design, não somente na personificação de elementos artísticos no design como vemos, mas ela desencadeia em design o prazer de reflectir, quando compreendemos que através das formas geométricas podemos encontrar harmonia e equilíbrio ou estudos de proporção, que são encontrados na obra do “Homem Vitruviano”, de Leonardo da vinci, por exemplo.

Podemos compreender quando encontramos a obra de Piet Mondriam reflectida na arquitectura através de formas geométricas e linhas, e com isto, que se busca o design de interior para formular a composição do ambiente que seja formidável e funcional em relação ao conceito proposto.

Imagem: Pinterest

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O objectivo deste texto, não é trazer um debate, sobre a diferença da arte e design, ou compreender se um designer é um artista, porque compreendemos de forma óbvia que são dois campos distintos que, entretanto andam sempre juntos, uma vez que as duas áreas estudam os contextos históricos de uma determinada época com intuito de explorar, de buscar por referências para execução dos seus projectos tanto em design ou artes. Para além de compreender que são duas áreas em que mais achamos uma relação que é ligada pela história da própria sistematização delas como ciência (epistemologia).

Tratar a arte como um campo que não seja primordial para o conceito de um projecto de design, é negligenciar contextos históricos, habilidades e técnicas milenares de onde o design pode e deve aprender a recriar para desenvolver técnicas e aperfeiçoar metodologias projectuais. É necessário compreender que através da arte podemos intervir e revolucionar no campo de design, daí ser importante compreendermos que a actividade artística está intimamente ligadas à cultura, à sociedade, às pessoas.

Nilza Dánia da Conceição Ráma

Nilza Dánia da Conceição Ráma é licenciada em Design pelo Instituto Superior de Artes e Cultura - ISArC.

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