Como foi criado o logo da TV Globo
A Globo é uma rede de televisão comercial aberta brasileira, cujo seu logo tem tido uma evolução consistente e coerente ao longo do tempo. O primeiro conceito foi elaborado em 1965 pelo designer Aloisio Magalhães, onde ele dispôs o número 4 em diferentes pontos devido a posição do primeiro canal da Rede Globo que era o número 4, na época.
Mauro Borja Lopes foi o designer que trouxe o conceito de esfera para a Rede Globo embora tenha, inicialmente, representado um globo através da forma circular, o mesmo sofreu mais dois redesign por ele mesmo; antes da intervenção do Hans Donner.
Hans Donner, em uma das suas entrevista disse: Um designer deve ser um agente capaz de provocar evolução tecnológica. Ele, não só disse como foi um desses designers, facto este evidenciado pela criação do logo da TV Globo que permanece até hoje com o mesmo conceito, variando a sua forma consoante a evolução tecnológica desde 1976.
Após ser convidado para trabalhar para a Rede Globo, Donner disse que a oportunidade abriu-lhe várias portas para entrar na casa de vária gente através da TV.
Génese e o conceito do Logo por Donner
O logo da Rede Globo que hoje conhecemos – diferente do que estamos acostumados a ouvir em termos de processo de concepção de logos – teve a sua génese num guardanapo durante a viagem de avião, tendo, deste modo, sido concebido pelo Hans Donner.
Donner pegou, literalmente, num guardanapo e explorou o conceito por detrás do Globo. Entretanto, começou desenhando um círculo para representar o globo, tendo em seguida aliado a função que a TV Globo tem que é de transmitir informação através de uma tela, e como forma de representar o veículo responsável por levar informação para vária gente, desenhou rectângulo dentro do círculo e fez uma analogia que pareceu-lhe óbvia; foi basicamente a de que através de uma simples tela é fornecido ao espectador informações de diferentes parte do mundo e a melhor forma de o representar foi a de adicionar mais uma forma circular dentro do rectângulo para representar a TV que conecta o telespectador com o mundo.
Pois bem, para Donner um globo não podia ser chapado; ele entende chapado como algo plano, sem vida. Entretanto, havia necessidade de adicionar volume a forma o que possibilitou com que adicionasse ainda mais no conceito um factor divino que é o da existência do dia e noite, detalhes estes conseguidos através de sombra e Luz que transmitem a sensação de volume, segundo a sua lógica o globo no qual pertencemos carrega essas características.
Segundo o mesmo designer, Donner tinha a ambição de fazer com que o logo tivesse vida própria, embora tenha levado mais de 30 anos para atingir esse objectivo devido a limitação tecnológica.
Entretanto, em 2014 o logo da Globo ganhou vida própria sem perder a sua essência, pelo contrário, materializando a sua essência que é o de transcender para 4 dimensão através da adição do tempo.
Quando pensou-se que já se tinha chegado ao cume da evolução, no início do mês de Dezembro do corrente ano, a TV Globo surpreendeu os telespectadores com o anúncio da nova identidade visual.
Pelos factos, há que reconhecer que o conceito elaborado pelo Hans Donner, após várias décadas, continua funcional e relevante. Porque no âmbito do novo posicionamento da Globo surgiu a necessidade de actualizar a sua identidade visual completa incluindo o logo, embora o DNA estivesse lá presente.
O logo usado antigamente é conhecido como plim plim pelo som que o acompanha na vinheta, sendo que entre as formas circulares havia a forma rectangular que continha 8 corres que reluziam em simultâneo com o plim plim. E na nova identidade visual buscou-se recriar um logótipo mais simples, que através dos módulos extraídos da sua forma foi criado um sistema completo de comunicação visual, desde “a família tipográfica que permite criar uma série de desdobramento”, á criação de grids.
O Novo logótipo
O novo logo carrega agora um aspecto minimalista, sugerindo volume através de tons coloridos dispostos em gradiente. É possível verificar também a mudança entre o logo antigo e o recente através dos tons de cores, onde no primeiro logo as oito cores estavam dispostos em forma paralela e no actual possui cores em efeito de gradiente com o objectivo de transmitir mais proximidade entre a Globo e os telespectadores, assim como também representar mais acessibilidade.
É importante destacar também o facto do tipo que acompanha o “símbolo” possuir nas suas terminais formas circulares que representam continuidade, ao mesmo tempo que o caracter “l” tenha sido projectado em forma de perspectiva baseado no grid pela equipe de comunicação Sob direcção de Ricardo Moyano, o tipo foi configurado em caixa baixa para transmitir a sensação de leveza e modernidade.
Sistema de Grid – Coerência formal
Como forma de manter a consistência, foi criado através dos elementos do “Símbolo” um sistema de grid para ajudar a criar um “vocabulário” visual para a Globo. Permitindo com que as partes fossem percebidas como um conjunto. Segundo eles, “A Globo tem vários globos” como consequência do seu crescimento. E a criação dessa identidade visual é em alusão ao novo posicionamento da Globo com o propósito de colocar todas empresas sobre a mesma gestão.
Através do grid foi desenvolvido um sistema de assinatura e os taglines.
Paleta de cores
No contexto do redesign da identidade visual foram conservados as oitos cores antigas, embora tenha sido extraído mais seis cores da natureza e que são eles que agora extrapolam da representação da tela no logo para preencher a tela inteira com tons quentes e vibrantes para transmitir sentimentos de proximidade. Não obstante as perdas que não só a Globo, mas o mundo todo perdeu com Covid-19. Essas cores vibrantes vão representar um futuro esperançoso onde as pessoas poderão estar juntos novamente.
Em meio a tantas opiniões sobre a nova identidade visual da Globo, importa citar uma frase do Steve Jobs, Design não é como se parece, mas como funicona. Sejamos francos, esta nova identidade visual é bastante rica em detalhes semânticos, articulação que permitiu um belo casamento entre o conteúdo e a forma.
Todos os elementos foram projectados para que se adaptassem não só as TV’s, mas a diversos dispositivos e plataformas digitais.