Corpo(r)ação: arte como experiência
Corpo(r)ação é um conceito que surge como grito de liberdade, que envolve o espectador numa experiência, inicial, de dificuldade, onde atravessando a instalação de Xingufos engendrada pelo artista Amarildo Rungo. Ele vai obter a recompensa das fotografias captadas pelo Ildefonso Cobaço, cujas mesmas são representações dos movimentos que o espectador fará ao atravessar os obstáculos propositadamente criados para proporcionar experiência aos espectadores.
Muito se tem difundido sobre o conceito das artes e, o consenso geral é de que a arte é a auto-expressão de quem a concebe, o artista. Entre diversas artes do domínio público, a música é uma das que mais conecta, significativamente, proporcionado experiência – simultaneamente o artista e o espectador num processo de empatia da história narrada.
Quando entramos para o campo das artes visuais: pintura, cerâmica, escultura, cinema, design, fotografias e etc. Somos quase sempre confrontados com diversas limitações concernentes à experiência entre a arte em si e o espectador. Não chegando, muitas vezes, a atingir a experiência que a música proporciona.
Há muito que se aborda e se concebe obras de arte que possibilitam uma interacção directa com o espectador, tanto que no início do século XX na Alemanha, Itália e noutros cantos, já começava a surgir de forma concreta por parte dos artistas a necessidade de representar os fenómenos quotidianos de forma subjectiva e que fossem facilmente compreendidos de forma objectiva por todos, principalmente pelo público ao qual a obra se destinava, no campos das artes visuais, literatura, por exemplo.
Hoje, surgem diversas inovações no mundo das artes que são motivadas por diversos fins. E desta vez, em Maputo, foi aberto no dia 24 de Setembro, oficialmente, a exposição Corpo(r)ação no Centro Cultural Moçambique-Alemanha (CCMA), que se mostra ser uma reacção de carácter radical que vem quebrar a forma de se fazer e se contemplar a arte.
“Nosso objectivo é trazer inovação no mundo das artes porque estamos parados no tempo e estamos perdidos no estabelecido. Entretanto, queremos trazer algo novo e de concreto. Não queremos nos destacar, mas queremos poder influenciar o maior número possível de pessoas”, disse Ildefonso.
Estes dois jovens moçambicanos, Amarildo Rungo e Ildefonso Cobaço trazem-nos um “crossover” performativo onde o espectador é quem dança. A iniciativa de criar uma arte inclusiva é a de trazer uma nova roupagem, que ao mesmo tempo pode tornar obsoletas as formas convencionais de criação e exposição de obra de arte. Pois eles proporcionam no acto da contemplação uma ligação entre quem cria e quem aprecia.