Neuromarketing e Design: A Alquimia entre a Ciência e a Estética para Influenciar Comportamentos
Um dia tem 24 horas e 86.400 segundos, durante os quais cada indivíduo está imerso na intensidade constante de informações. Processadas de forma cognitiva a cada minuto, o cérebro, responsável pela coordenação de atividades vitais como pensamento, memória, emoções, movimentos e comportamentos, é descrito como uma máquina de processamento de informações. Isto significa que o cérebro absorve informações de forma inconsciente em minutos, como imagens, vídeos, músicas e propagandas.
Diante desta realidade, as marcas procuram formas de se destacar nesta imensidão de informações para permanecer na mente do consumidor, empregando ferramentas inovadoras e criativas que as permitam destacar-se no mercado.
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O papel da neurociência no design
A primeira impressão é determinante, moldando a percepção das pessoas sobre uma marca. Empresas de renome levaram anos a construir a sua imagem na mente dos consumidores. Durante este período, foram utilizadas estratégias que estimulam o inconsciente do público-alvo.
Um exemplo é a Hermès e a sua política exclusiva para as suas bolsas icónicas, como a Birkin e a Kelly. Para ter acesso a estas bolsas, é necessário ser cliente da Hermès, geralmente adquirindo outros produtos da marca, como roupas e joias, sem que o acesso seja garantido. Este processo envolve a criação de um relacionamento com a loja, o que pode levar anos. Além disso, as bolsas são produzidas em quantidades limitadas, aumentando a sua exclusividade. Trata-se de uma estratégia calculada e marcante para amantes de artigos de luxo. Neste caso, a marca recorre ao neuromarketing para ativar uma resposta cerebral que associa exclusividade a valor. Quanto mais difícil algo é de obter, mais o cérebro o percebe como valioso.
Não é possível elucidar o neuromarketing e o design sem abordar a neurociência, que estuda o sistema nervoso para compreender como ele reage aos estímulos. Todavia, no que toca à criatividade, a parte mais relevante é a cognitiva, que se concentra em entender como o cérebro processa informações verbais e visuais.
Com a evolução do mercado, a necessidade de estimular o público-alvo tornou-se premente, levando as empresas a procurar novas estratégias e ferramentas para alcançar os seus objetivos organizacionais.
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O papel do design na influência do comportamento
O design pode atuar como uma manifestação visual do neuromarketing, pois é através dele que ideias, mensagens e produtos captam a atenção e criam conexões emocionais. O design transforma conceitos
O design pode atuar como uma manifestação visual do neuromarketing, pois é através dele que ideias, mensagens e produtos captam a atenção e criam conexões emocionais. O design transforma conceitos abstratos em elementos tangíveis que interagem diretamente com os sentidos e o inconsciente dos consumidores. Por exemplo, um design visualmente impactante utiliza cores, formas e contrastes para destacar-se no meio do excesso de estímulos do dia a dia. Elementos visuais como cores quentes transmitem energia e capturam a atenção.
Inovação na conexão entre neuromarketing e design
No passado, a publicidade baseava-se em abordagens genéricas, mas atualmente, com o avanço de ferramentas neurocientíficas, é possível mapear emoções, desejos e gatilhos psicológicos que impulsionam o consumidor. A inovação reside na transformação de dados neurocientíficos em soluções estéticas que antecipam e atendem às necessidades emocionais do consumidor.
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A alquimia entre ciência e criatividade
No contexto das ferramentas, é relevante mencionar a alquimia entre neuromarketing e design, que se orienta para a percepção de emoções e comportamentos humanos. O neuromarketing estuda como o cérebro reage aos estímulos de informações, enquanto o design é o meio pelo qual esses estímulos são criados. Por exemplo, a escolha de cores, tipografias e a forma do layout no design gráfico podem influenciar subconscientemente as decisões de compra e atrair a atenção de forma estratégica.
Efetivamente, o neuromarketing é um elemento essencial para a criação de designs mais impactantes, ao demonstrar o que funciona melhor para captar emoções, construir memórias e levar à acção.
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A evolução da perceção do consumidor: de racional a emocional
Anteriormente, o consumidor era compreendido como uma figura racional e previsível, cujas decisões eram tomadas com base em aspetos específicos como preço, qualidade do produto e utilidade, em consonância com a teoria da economia clássica. Todavia, a evolução da psicologia do consumo e da neurociência revelou que as decisões de compra são altamente emocionais e influenciadas pelo inconsciente.
Despertar emoções e guiar decisões
Impactar pessoas em contextos distintos com mensagens que alcançam o inconsciente é fascinante. Num universo de escolhas, cada indivíduo responde de forma única aos estímulos e mensagens. O poder de influenciar os processos de decisão, muitas vezes de forma subtil, desperta emoções, desejos e necessidades que, embora inconscientes, influenciam profundamente as escolhas e os comportamentos.
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Impactos do neuromarketing
O neuromarketing transforma a forma como as marcas comunicam e influenciam os consumidores, analisando o comportamento cerebral e emocional. Os seus principais impactos incluem:
l Identificar elementos que geram maior impacto emocional, permitindo criar campanhas mais persuasivas e memoráveis;
l Adaptar mensagens e produtos às preferências individuais, criando conexões mais profundas;
l Criar embalagens, layouts e produtos que atraem visualmente e emocionalmente;
l Substituir a intuição por dados científicos, tornando as estratégias mais precisas e eficazes;
l Estabelecer laços mais fortes com os consumidores ao criar experiências emocionais positivas.
Empresas como a Coca-Cola utilizam o neuromarketing para escolher cores, músicas e até aromas que estimulam memórias e sentimentos associados à felicidade e nostalgia. Esta abordagem transcende a publicidade tradicional e atua diretamente no inconsciente para influenciar comportamentos.
Cada segundo pode converter-se em milésimos quando neuromarketing e design se entrelaçam para potenciar a criatividade e a inovação das marcas. Esta união entre ciência e criatividade transforma a comunicação, criando experiências de consumo verdadeiramente únicas e memoráveis.
Da autoria de Edna Tuaira Aníbal
as fotos podem ser encontradas nos links abaixo :
Foto de Painel: https://pin.it/7HETPlRak
Foto 1: https://pin.it/ylicZCZ5R
Foto 2: https://pin.it/1amxnsJVh
Foto 3: https://pin.it/5mLInArwL
Foto 4: https://pin.it/6syNbtqUz
Foto 5:https://pin.it/7FERh8BNs