Uma reflexão sobre influências do design moderno

Fonte: theatlantic

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“O presente é uma incógnita, o futuro é incerto e o passado… bom, o passado é passado.”


Na natureza, a mudança é única constante. Todas ciências, sejam elas sociais ou exactas estão em constantes mudanças, ou seria melhor dizer transformações? De qualquer forma, o que nos interessa é compreender as motivações por detrás desses fenómenos do mundo criado pelo homem, visto que ele inspira-se na natureza.

Segundo Alexey Brodovich, O que é bom hoje, pode se tornar cliché amanhã.

No mundo do design, actualmente, as palavras como simples, moderno e atemporal são algumas das mais usadas; pensando profundamente podemos concluir que são clichés. E ainda mais, o termo minimalismo é tido hoje como tendência mundial, ao contrário do que se pensa esse termo não é tão recente, e com isso podemos concluir que o designer Brodovich estava e continua certo.

Hoje em dia, até um designer inexperiente faz o uso dos termos acima descritos, mesmo com pouca ou quase nenhuma referência histórica do design. Há um tempo que venho pensando seriamente sobre a questão de referências no design e percebi que a história é selectiva. A história é selectiva a partir do momento que escolhe evidenciar alguns em detrimento de outros e às vezes os que não são exaltados podiam ser referências bastante positivas, como é o caso do WhilhelmDeffke.

Aposto que 2 entre 10 designers é que conhecem ou já ouviram falar de WhilhelmDeffke. WhilhelmDeffke foi um dos designers gráficos mais proeminentes quando se trata de concepção de marcas minimalistas.

WhilhelmDeffke nasceu na Alemanha em 1887 e faleceu com 63 anos de idade. Deffke, foi o pioneiro no design de marcas modernos funcionais. Enquanto vivo, produziu cerca de 10.000 símbolos para empresas. Uma das empresas que continua usando a marca por ele concebida é a empresa alemã fabricante de utensílios de cozinha, Zwilling J.A Henckels.

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WhilhemDeffke era dotado de uma destreza incrível na simplificação de elementos no processo de concepção de marcas e campanhas publicitárias. Porquê mencionar Deffke? Simples, naquela época o design gráfico não tinha tanta influência quanto tem hoje, as técnicas e softwares eram diferentes das actuais. Entretanto, analisar esses pontos pode ser crucial para esclarecer algumas prácticas que inconscientemente negligenciamos.

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Hoje, mais do que nunca devemos, como designers, conceber designs eficientes. Como diz Paul Rand, “Não devemos tentar ser original, porque ser bom já é um trabalho árduo”. Até que ponto podemos conseguir sintetizar informações e conseguir comunicar eficientemente e inovar?

Para além de criação de logótipos, Deffke trabalhou como designer gráfico na sua empresa de publicidade “WhilhelmWerk” e lá produziu peças que reflectem o que hoje se conhece como modernidade.

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Mesmo em peças monocromáticas, conseguia estabelecer um equilíbrio entre as palavras e imagens, muito mais que isso, saber usufruir do grid. Importa talvez, mencionar que ele trabalhou em workshop do Peter Berherns – o primeiro designer a criar uma identidade corporativa completa, que através dele conheceu Walter Groupius, o fundador da Bauhaus, de quem mais tarde tornaram-se muito chegados.

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Podemos notar a influência que sofreu com seus mentores. Embora haja poucas informações sobre ele, analisando os seus trabalhos podemos notar que o seu pensamento já alinhava-se ao paradigma daquela época que era, basicamente, o de eliminar os ornamentos e trabalhar com o essencial. A questão da tipografia, como foi profetizado por Jan Tschichold, que devido as tecnologias as tipografias sem serifas seriam a nova “doença” consequente dos materiais tecnológicos. E não é que ele estava certo mesmo, que até hoje continuamos a usar fontes sem serifas com o pretexto de que reflectem a sociedade moderna.

Contudo, reflectir sobre o quê e quem causa mudança é um factor crucial para que possamos entender as nossas prácticas actuais e talvez ganhar mais expansão mental o que possibilitará com que haja mais inovações no campo de design gráfico. E não mais vivermos de “achismo”, pois o resultado de um design deve ser natural e não forçado. Design simples não se torna simples só porque queremos, principalmente hoje onde as chances de obter resultados que podem já existir são várias, isto porque parece que as fontes das quais bebemos são as mesmas.

Aboubakar Bin

Aboubakar Bin é designer gráfico, pesquisa e escreve conteúdos relacionados a design gráfico, natural de Maputo. Estudante de licenciatura em design no ISArC. É fundador do podcast Design informa.

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