Reciclagem de plásticos: Perigo para saúde pública - aponta relatório do Greenpeace
A reciclagem dos produtos é vista com um acto inofensivo, mas a realidade mostra que são várias consequências que podem advir desta acção. O relatório publicado recentemente do Greenpeace, diz que o processo de reciclagem pode realmente tornar os plásticos mais perigosos para a saúde humana, não podendo, a reciclagem, ser considerada uma solução para o problema da poluição.
O relatório foi apresentado antes da segunda ronda de negociações para um possível Tratado Global para os plásticos da ONU, que tem início nesta segunda-feira (29/05). O documento publicado pelo Greenpeace junta conclusões de vários estudos revistos por pares de todo o mundo.
Os dados que fazem parte do documento sugerem que os plásticos reciclados contêm quase sempre níveis mais elevados de produtos químicos, como retardadores de chama tóxicos, benzeno e outros cancerígenos, poluentes ambientais e vários desreguladores endócrinos que podem causar mudanças nos níveis hormonais naturais do corpo. Assim sendo, o Greenpeace diz que as descobertas sugerem que o Tratado Global de Plásticos da ONU deveria se concentrar em limitar e reduzir paulatinamente a produção de plástico, e não tratar a reciclagem como uma solução milagrosa.
Para Therese Karlsson, consultora científica da Rede Internacional de Eliminação de Poluentes (IPEN) que foi citada pela SIC Notícias, “Os plásticos são feitos com produtos químicos tóxicos e esses produtos químicos não desaparecem simplesmente quando os plásticos são reciclados. A ciência mostra claramente que a reciclagem de plásticos é tóxica e ameaça a nossa saúde e o meio ambiente ao longo de todo o processo de reciclagem”.
Acrescentou dizendo que o plástico envenena a economia circular e o corpo, polui o ar, a água e os alimentos “Soluções reais para a crise dos plásticos exigirão controle global sobre os produtos químicos em plásticos e reduções significativas na produção de plástico” - finalizou.
O plástico virgem, por sua natureza, já contém mais de 3.200 produtos químicos conhecidos por serem perigosos para a saúde humana, de acordo com o Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mencionado pela revista Dezeen, essas substâncias podem ser transferidas para o produto reciclado.
Também, o Greenpeace descreve que o próprio processo de reciclagem pode criar novos produtos químicos perigosos, como benzeno e dioxinas bromadas.
Toda esta situação levanta um questionamento no seio dos designers, em relação ao papel do plástico “Papel da reciclagem na solução da crise mundial de poluição plástica é bastante contestado entre os designers, alguns, incluindo o designer Richard Hutten e o curador belga Jan Boelen, argumentam que as grandes marcas estão a usar a reciclagem como cortina de fumaça para criar uma ilusão de mudança enquanto continuam a produzir cada vez mais plásticos virgens. Outros, entre eles o CEO da Fundação Ellen MacArthur, Andrew Morlet , argumentam que plásticos duráveis e recicláveis podem fazer parte de uma economia circular” - descreve a revista Dezeen.
De acordo com a SIC Notícias, representantes de 173 países concordaram no ano passado em desenvolver um tratado juridicamente vinculativo (Tratado Global de Plásticos) que cubra o “ciclo de vida completo” dos plásticos, desde a produção até ao fim de vida útil, a ser negociado nos próximos dois anos.